Melhore seu desempenho com uma pose de poder: bastam dois minutos

Uma pose de poder de dois minutos pode ajudar a melhorar seu desempenho, quer seja durante uma entrevista de trabalho em que você precisa se destacar, ou em uma apresentação a ser feita, para que seja bem-sucedida, ou ainda na hora de conseguir uma boa margem de manobra durante uma negociação crítica. É o que diz Amy Cuddy, professora e psicóloga social de Harvard. Não se trata de mero pensamento positivo. Ela tem dados científicos para prová-lo.

Sua palestra sobre o tema na TED Talk de 2012 foi vista mais de 31 milhões de vezes ― e é o segundo vídeo mais procurado de todos os tempos entre os disponíveis no site. No vídeo, Cuddy pede ao público para que reserve dois minutos em particular e faça uma “pose de poder” antes de lidar com uma situação de alto risco para melhorar sua confiança e suas chances de sucesso.

Sua pesquisa mostra que nossa linguagem corporal afeta não apenas o modo como vemos as outras pessoas, mas também como vemos a nós mesmos. Ao assumirmos uma postura corporal de poder, nossos hormônios reagem imediatamente ― nossa testosterona sobe e o cortisol abaixa, resultando em uma sensação interna de confiança serena que é percebida pelos demais. A pose de poder é apenas um aspecto do que Cuddy chama de “presença”, tema do seu novo livro, “Presença: levando seu eu mais ousado ao encontro dos seus maiores desafios” [Presence: Bringing Your Boldest Self to Your Biggest Challenges].

No excerto a seguir retirado do livro, Cuddy explica o que a levou à decisão de escrevê-lo e por que é fundamental “fingir até conseguir”, ou, melhor ainda, até nos tornarmos o que fingimos.

Estou sentada junto ao balcão da minha livraria predileta em Boston ― café, laptop aberto. Estou escrevendo. Dez minutos atrás eu havia pedido um café e um muffin. A atendente ― uma mulher jovem de cabelos escuros, sorriso generoso e óculos ― parou e disse calmamente: “Queria apenas lhe dizer como sua palestra na TED Talk foi importante para mim, o quanto ela me inspirou. Faz alguns anos, meu professor passou seu vídeo em uma disciplina que eu estava fazendo. Agora estou me candidatando a uma vaga na faculdade de medicina e queria apenas que você soubesse que fiquei no banheiro como se fosse a Mulher Maravilha antes de fazer o vestibular e isso me ajudou muito. Muito obrigada.”

Com os olhos marejados, perguntei a ela: “Como você se chama?”

“Fetaine”, ela disse.

Acho que esse tipo de interação ocorre comigo com mais frequência do que eu jamais poderia imaginar: um estranho compartilha comigo uma história pessoal em que mostra como foi que conseguiu lidar com um grande desafio e, em seguida, simplesmente me agradece pela parte que tive nela. São mulheres e homens, velhos e jovens, tímidos e extrovertidos, pobres e ricos. No entanto, algo os une: todos se sentiram impotentes diante de uma enorme pressão e ansiedade, e todos descobriram uma forma notavelmente simples de se libertar daquela sensação de impotência.

Fico sempre emocionada quando as pessoas me contam suas histórias.

Para a maior parte dos autores, o livro vem em primeiro lugar, depois vêm as respostas.

Para mim, foi o contrário. Primeiro, escrevi alguns artigos acadêmicos, que ninguém (bem, quase ninguém) leu. Eles inspiraram uma palestra que dei na TED Global Conference em 2012. Nela, eu discorria sobre uma pesquisa que havia feito e que resultara em uma descoberta incomum e inesperada sobre como o corpo influencia o cérebro. Como resultado dessa pesquisa, consegui descrever uma técnica ― a da Mulher Maravilha ― que Fetaine mencionou em seu depoimento […] e que pode aumentar rapidamente nossa confiança e diminuir a ansiedade em situações complexas. Não sabia se o assunto repercutiria junto às pessoas. Foi, sem dúvida, importante para mim. Imediatamente depois que o vídeo de 21 minutos foi ao ar na Internet, comecei a ouvir casos de pessoas que o tinham visto.

É claro que minha palestra não deu magicamente a Fetaine o conhecimento de que ela precisava para se sair bem no vestibular. Ela não adquiriu misteriosamente uma compreensão detalhada das características das bactérias de cepa lisa em comparação com as de cepa rugosa, ou de que maneira o teorema do trabalho-energia afeta a energia cinética. No entanto, é possível que a palestra a tenha liberado do temor que poderia tê-la impedido de expressar as coisas que sabia. A impotência nos envolve ― e a tudo o que acreditamos, sabemos e sentimos. Ela nos oculta, tornando-nos invisíveis, a ponto de nos alienar de nós mesmos.

O oposto da impotência é o poder, certo? Em certo sentido isso é verdade, mas a coisa não é tão simples assim. A pesquisa que venho fazendo há anos hoje reúne um vasto conjunto de informações sobre uma condição a que chamo de presença. Essa presença decorre da crença e da confiança em nós mesmos ― são nossos sentimentos, valores e capacidades reais e verdadeiras. Isso é importante porque se não confiarmos em nós mesmos, como poderemos confiar nos outros? Não importa se estamos falando diante de duas pessoas ou de cinco mil, se estamos sendo entrevistados para um emprego, negociando um aumento ou expondo a ideia sobre um negócio para possíveis investidores, se estamos falando em causa própria ou em nome de alguém, todos passamos por momentos intimidadores que devem ser enfrentados com equilíbrio se quisermos estar bem com nós mesmos e seguir em frente com nossa vida. A presença nos dá poder para nos colocarmos à altura desses momentos.

O percurso que fiz até a palestra e ao progresso que alcancei foi tortuoso, para dizer o mínimo. No entanto, é evidente onde tudo começou.

***

Do que eu mais me lembro são os desenhos bobinhos e as anotações carinhosas no quadro deixados pelos meus amigos. Estou no segundo ano da faculdade. Acordo em um quarto de hospital. Olho em volta ― cartões por toda parte e flores. Estou exausta. Mas estou também ansiosa e agitada. Mal posso manter os olhos abertos. Nunca me senti desse jeito. Não compreendo, mas não tenho energia para tentar entender o que se passa. Adormeço.

Isso se repetiu várias vezes.

A última lembrança nítida que tenho antes de acordar naquele hospital foi de ir de Missoula, em Montana, para Boulder, no Colorado, com duas de minhas melhores amigas e colegas. Morávamos todas em uma mesma casa. Tínhamos ido para Missoula para organizar um congresso com os estudantes da Universidade de Montana e conversar com amigos. Saímos de Missoula à noitinha, por volta das seis horas de um domingo. Estávamos tentando chegar a Boulder a tempo de assistir às aulas da manhã. Hoje, avaliando essa decisão como mãe, vejo como foi extremamente estúpida essa ideia, uma vez que o tempo de viagem entre Missoula e Boulder é de treze a catorze horas. Mas tínhamos apenas 19 anos.

Tínhamos um plano que para nós era perfeito: cada um dirigiria o correspondente a um 1/3 do trajeto. Alguém ficaria ao lado do motorista para ajudá-lo a se manter alerta enquanto o outro passageiro dormiria na parte de trás do Jeep Cherokee com o banco reclinado em um saco de dormir. Acho que fui a primeira a dirigir. Depois, acompanhei a motorista do turno seguinte atento ao que ela fazia. Era uma boa lembrança, muito tranquila. Eu gostava muito daquelas pessoas. Gostava da franqueza do Oeste. Daqueles espaços imensos. Não havia farol algum na estrada. Estávamos sós. Chegara então a minha hora de dormir no banco de trás.

Conforme me disseram depois, aconteceu o seguinte: minha amiga estava ao volante na pior hora do rodízio. Era aquela hora da noite quando parece que você é a única pessoa do mundo que está acordada.  Não era o meio da noite apenas; era também o meio da noite no meio do Wyoming. Tudo muito escuro, muito aberto, muito solitário. Poucas coisas para manter a gente desperta. Por volta das quatro da manhã, minha amiga adormeceu. Ela deu uma “pescada”, saiu do percurso que fazia e foi para aquela parte da pisa cujo leito tem ranhuras e outros recursos para despertar o motorista sonolento. Ela acordou, mas manobrou demais. O carro rolou três vezes e meia até parar com os pneus para cima.

Minhas amigas no banco da frente estavam com cinto de segurança. Eu, que estava dormindo com o banco de trás reclinado, fui ejetada do carro dentro do saco de dormir e arremessada na noite. A parte dianteira direita da minha cabeça colidiu com a pista.

Sofri traumatismo craniano. Mais especificamente, tive lesão axonal difusa (DAI, na sigla em inglês). Nesse tipo de lesão, o cérebro é submetido a “forças de cisalhamento”, geralmente resultantes de aceleração rotacional acelerada, muito comum em acidentes de carro. Imagine o que acontece durante uma colisão em alta velocidade: com a mudança súbita e extrema de velocidade ocasionada pelo impacto, o corpo para abruptamente, mas o cérebro continua a se movimentar e, às vezes, até mesmo a rotacionar no interior do crânio, colidindo com a parte da frente e de trás dele, o que não está previsto para que aconteça. A força com que minha cabeça bateu na pista, fraturando meu crânio, não ajudava em nada.

O cérebro foi feito para existir em um espaço seguro, protegido pelo crânio e resguardado por diversas membranas finas, as meninges, e pelo líquido cefalorraquidiano. O crânio é o melhor amigo do cérebro, mas os dois nunca devem se tocar. As forças de cisalhamento de uma lesão severa na cabeça cortam e esticam os neurônios e suas fibras (axônios) ao longo do cérebro. Tais como os fios elétricos, os axônios são isolados por um revestimento de proteção, ou escudo, chamado de bainha de mielina. Mesmo que um axônio não tenha sido afetado, quaisquer danos à bainha de mielina podem desacelerar significativamente a velocidade com que a informação viaja de um neurônio a outro.

Na lesão axonal difusa (DAI), o ferimento repercute pelo cérebro todo, diferentemente do que acontece na lesão axonal focal, como num ferimento à bala, em que os danos se restringem a um local específico. Tudo o que o cérebro faz depende da comunicação dos neurônios. Quando os neurônios espalhados pelo cérebro todo são danificados, sua comunicação também é inevitavelmente prejudicada. Portanto, quando alguém tem um DAI, nenhum médico dirá: “Bem, os danos atingiram a área motora, por isso você vai ter problemas para se movimentar.” Ou: “O dano foi na área da fala. Você terá dificuldade em produzir e processar sua fala.” Eles não sabem se você vai se recuperar, se a sua recuperação vai ser boa ou que funções do cérebro serão afetadas: sua memória ficará prejudicada? E suas emoções? Seu raciocínio espacial? Suas pequenas habilidades motoras? Uma vez que entendemos muito pouco de DAIs, a probabilidade de que um médico possa oferecer um prognóstico preciso é mínimo.

Depois de um DAI, você não é mais a mesma pessoa. E sob diversos aspectos. Seu jeito de pensar, de sentir, a maneira como você se expressa, responde, interage ― todas essas dimensões são afetadas. Além disso, sua capacidade de entender s si mesmo foi provavelmente afetada, portanto você não está efetivamente em posição de saber exatamente de que maneira você mudou. E ninguém ― ninguém ― pode lhe dizer o que esperar. Permita-me dar uma explicação do que aconteceu ao meu cérebro de acordo com o que pude entender na época: (Trilha sonora para esta parte: grilos trilando).

Muito bem, lá estava eu então no hospital. Claro que eu tinha me afastado da faculdade. Os médicos tinham sérias dúvidas se eu teria capacidade cognitiva pra voltar. Dada a severidade da minha lesão e as estatísticas sobre pessoas com lesões semelhantes, eles disseram: Não tenha esperanças de concluir a faculdade. Você vai ficar bem ― “com alta capacidade de funcionamento” ―, mas seria melhor procurar outra coisa para fazer. Fiquei sabendo que meu QI tinha caído trinta pontos ― dois desvios padrões. Soube disse não por que um médico havia me explicado. Soube por que o QI era parte de uma bateria de dois dias de testes neuropsicológicos a que os médicos haviam me submetido. Recebi depois um longo relatório que incluía o resultado do QI. Os médicos não achavam que era importante explicar isso para mim. Será que eles acharam que eu não seria inteligente o bastante para compreender aquilo? Ou será que não era tão importante assim? Não quero dar ao QI uma importância maior do que ele merece. Não estou fazendo nenhuma afirmação sobre sua capacidade de prever resultados na vida. Contudo, era algo que eu acreditava que podia medir minha inteligência. Portanto, de acordo com os médicos, eu não era mais esperta, e isso me afetava muito.

Fiz terapia ocupacional, cognitiva, fono, terapia física, aconselhamento psicológico. Cerca de seis meses depois do acidente, no verão, eu já estava em casa. Duas amigas mais próximas, que haviam se distanciado visivelmente de mim, me disseram: “Você não é mais a mesma.” Como podem duas pessoas que pareciam me compreender melhor do que ninguém me dizer que eu não era mais a mesma? Em que eu havia mudado? Elas não conseguiam me ver, nem eu conseguia ver a mim mesma.

Um ferimento na cabeça faz você se sentir confuso, ansioso e frustrado. Quando os médicos lhe dizem que não sabem o que você deve esperar, e seus amigos lhe dizem que você está diferente, isso certamente aumenta o quadro de confusão, ansiedade e frustração.

Passei o ano seguinte em uma bruma ― ansiosa, desorientada, tomando decisões ruins, sem saber ao certo o que faria a seguir. Depois disso, voltei à escola. Mas era cedo demais. Não conseguia raciocinar. Não conseguia processar adequadamente a informação falada. Era como se eu estivesse ouvindo alguém falar em parte em uma língua que eu conhecia e, em parte, em uma língua que eu desconhecia, o que só me deixava mais ansiosa e frustrada. Tive de me afastar porque começara a faltar às aulas.

Embora tivesse quebrado muitos ossos no acidente, fisicamente eu parecia estar inteira. E como as lesões traumáticas do cérebro são, muitas vezes, invisíveis aos outros, as pessoas diziam: “Uau, você tem muita sorte! Poderia ter fraturado o pescoço!” Eu me sentia então culpada e envergonhada por ficar frustrada com essa resposta.

Nosso modo de pensar, nosso intelecto, afetos, nossa personalidade ― não são coisas que achamos que vão mudar um dia. São coisas que nos parecem naturais. Receamos sofrer um acidente que nos deixe paralisados, que afete nossa capacidade de nos movimentar ou que nos faça perder a audição ou a vista. Contudo, não pensamos na possibilidade de um acidente que nos leve a nos perder de nós mesmos.

Durante muitos anos após aquela pancada na cabeça, senti que fingia ser quem eu era…embora não soubesse de fato quem era aquele eu do passado. Sentia-me uma impostora, uma impostora em meu próprio corpo. Tinha de aprender de novo a aprender. Insistia em frequentar novamente a escola porque não podia aceitar que alguém me dissesse que eu não podia fazê-lo. Quem disse que eu não posso terminar a faculdade? Vocês vão ver.

Tive de me esforçar muito mais do que os outros alunos. Por fim, para meu indescritível alívio, minha clareza mental começou a voltar. Foram necessários mais dois anos ainda até que ela finalmente se consolidasse. Terminei a faculdade quatro anos depois dos colegas com quem estudava antes do acidente.

Uma das razões pelas quais eu persisti foi que eu havia descoberto uma coisa que gostava de estudar: psicologia. Depois da faculdade, consegui trabalhar em uma profissão que exigia o pleno funcionamento do cérebro. Como disse Anatole France: “Todas as mudanças […] têm um quê de melancolia; porque aquilo que deixamos para trás é uma parte de nós mesmos; temos de morrer para uma vida antes de poder entrar em outra.” Com o tempo, não é de surpreender, tornei-me uma pessoa para quem os temas da presença e do poder, da confiança e da dúvida, ganharam enorme importância.

***

Minha lesão me levou a estudar a ciência da presença, mas foi minha palestra na TED que me fez ver como era universal o anseio por ela. Isso acontece porque a maioria das pessoas lida com situações estressantes diariamente. Gente do mundo todo e de todas as classes sociais luta contra o nervosismo na hora de falar na sala de aula, durante uma entrevista de emprego, quando faz teste para um papel, na hora de enfrentar uma dificuldade do dia a dia, quando tem de lutar pelo que acredita ou apenas quando deseja encontrar paz para ser o que é. Isso se aplica a pessoas que não têm onde morar e a pessoas muito bem-sucedidas segundo os padrões tradicionais. Vítimas de bullying, de preconceito e de abuso sexual, refugiados políticos, gente que sofre de doença mental ou que tenha sofrido ferimentos graves ― todas essas pessoas enfrentam as dificuldades mencionadas acima. O mesmo acontece às pessoas que trabalham no intuito de ajudá-las ― pais, cônjuges, filhos, conselheiros, médicos, colegas e amigos dos que enfrentam dificuldades. É difícil para mim até mesmo explicar sem me sentir um pouco emocionada.

Todas essas pessoas ― a grande maioria não é composta de cientistas ― me obrigaram a interpretar minha pesquisa de uma nova maneira: elas ao mesmo tempo me afastam da ciência e me aproximam dela. Ao ouvir suas histórias, senti-me obrigada a refletir de que maneira as descobertas das ciências sociais ocorrem de fato no mundo real. Comecei a me interessar por pesquisas que mudam a vida de maneira positiva. Mas comecei também a levantar perguntas básicas que talvez nunca me tivessem ocorrido se tivesse ficado dentro do laboratório mergulhada na literatura.

No começo, fiquei perplexa com a resposta da palestra da TED Talk e com a sensação de que talvez tivesse cometido um grande erro ao partilhar minha história pessoal. Não imaginava que tantos estranhos fossem vê-la e não tinha ideia de como me sentiria incrivelmente vulnerável e exposta. É o que acontece com qualquer um que a Internet revela e depois espalha pelo mundo inteiro de uma vez só. Algumas pessoas reconhecem você em público.

Isso é estranho e precisa de alguns reparos ― quer se trate de alguém que me peça para posar de Mulher Maravilha, ou para uma selfie, ou alguém que me grita de um triciclo (como me aconteceu em Austin): “Olhe, é garota da TED Talk!”

Na maior parte das vezes, porém, me sinto uma pessoa incrivelmente de sorte ― sorte de ter tido a chance de partilhar essa pesquisa e a minha história com tanta gente, e de mais sorte ainda por ter tanta gente partilhando sua sorte comigo. Adoro a vida acadêmica, mas encontro muita inspiração fora do laboratório e da sala de aula. Uma das coisas boas de estar na Escola de Negócios de Harvard é que sou encorajada a cruzar aquele fosso entre pesquisa e prática, por isso já havia começado a falar às pessoas nas empresas de que modo a pesquisa é aplicada, o que funciona, quais as dificuldades etc. No entanto, não previa como esse mundo enorme de gente atenciosa se abriria para mim depois que a palestra da TED foi ao ar.

Amo essas pessoas e me sinto muito ligada e muito leal a elas. Quero honrá-las, honrar sua disposição em tentar ― em insistir novamente ou em ajudar outras pessoas a tentar ―, bem como sua disposição em se sentar e escrever sobre suas dificuldades em um e-mail endereçado a mim, uma estranha. Ou por me contar a respeito delas em um aeroporto, em um café de livraria. Agora vejo como uma palestra pode ter o mesmo efeito de uma música ― como as pessoas a tornam pessoal, se ligam a ela, sentem-se legitimadas sabendo que alguém mais já se sentiu do jeito que elas se sentem. Conforme disse Dave Grohl certa vez: “Essa é uma das coisas fantásticas da música: você canta uma música para 85.000 pessoas e elas a repetirão por 85.000 razões diferentes.” Eu estava falando em um abrigo para jovens sem teto e pedi aos residentes que me dissessem que situações eles achavam mais estressantes. Um adolescente disse: “Chegar à porta do abrigo.” Em outro abrigo, uma mulher disse: “Ligar pedindo um serviço, ou ajuda, ou apoio. Sei que vou ter de esperar muito e que a pessoa do outro lado vai ser rude e intolerante.” Ao ouvir isso, outra mulher do abrigo disse: “Engraçado, porque eu trabalhava em um call center e ia dizer o seguinte: ‘Atender a ligações de pessoas que, você sabe, vão se sentir frustradas e iradas, pessoas que estão esperando há um tempão enquanto eu tento administrar uma porção de outras ligações.’” Exatamente.

Todas as respostas que obtive com a palestra na TED foram um presente inesperado, porque me ajudaram a compreender melhor como e por que essa pesquisa foi tão bem recebida. Em suma: as histórias me ajudaram a compreender como escrever meu livro, Presence, e me motivaram a fazê-lo.

início

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima